quarta-feira, 2 de julho de 2008

O cretinismo parlamentar do BEs

Depois de muitas "brainstormings", o BEs chegou à conclusão de que a única alternativa para a crise da "construção europeia" com a vitória do "Não" no referendo da Irlanda, será fazer das próximas eleições europeias em 2009 "um processo verdadeiramente constituinte".

Por outras palavras, a solução do BEs passa por pôr o Parlamento Europeu - esse exemplo máximo de transparência e proximidade com os povos da Europa - a decidir novos tratados e constituições nas costas dos europeus...

Claro que o próximo Parlamento Europeu será igual a este e a todos os outros do passado, dominado pelos PSs e PSDs dessa Europa fora, palco (como qualquer parlamento burguês) dos grandes interesses e do grande capital transnacional.

Claro que assim, se os deputados da Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha unirem esforços, bem podem berrar os representantes dos outros mais de 20 países que a maioria das grandes potências definirá o futuro de todos os Estados Membros.

Que rica "democracia" que o BEs nos propõe! Cabe perguntar para que queremos mais tratados e constituições? Pra nos tramarem mais e melhor? Mas essas sãos as perguntas que o BEs não (se) faz. Não! Como força "responsável" e "moderna", o BEs quer construir uma "Europa social" - mas bem dentro da lógica capitalista.

Que não existam dúvidas! E para não existirem, vem logo o BEs, pela voz do Miguel Portas, pôr água na fervura de propostas "tão radicais" para não indispor os grandes senhores do $$$$ e explicar que, afinal, isto do Parlamento Europeu decidir do futuro da Europa no tal "processo "verdadeiramente constituinte" ... é só mesmo pra "irlandês" ver, como ele próprio confessa:

"Neste processo, os Estados não perdem a palavra final, nem as ratificações, parlamentares ou por referendo, de um novo texto se dispensam."

Ou seja, o tal "processo verdadeiramente constituinte" não serviria para nada senão para "brincar à democracia", pois como referendos, o Miguel Portas bem sabe que os senhores do $$$$ e os seus instrumentos políticos não querem realizar e não os convocam (com excepção da Irlanda por impeditivo constitucional - e a ver se a Constituição não é revista ainda também por lá...), tudo voltaria para o regaço dos parlamentos e governos nacionais: os tais que já engendraram TODOS os tratados da treta que os povos da Europa sistematicamente têm vindo (sempre que os deixam) a recusar.

Neste admirável mundo novo, não é de todo exagerado afirmar que o BEs consegue dar um conteúdo mais amplo e modernizado à velha expressão... "cretinismo parlamentar"!

Toda a cretinice disponível em http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=7327&Itemid=121

6 comentários:

Anónimo disse...

Boa malha!

Anónimo disse...

grande malha mesmo!

Anónimo disse...

grande malha mesmo!

Anónimo disse...

Como se já não bastassem as verbas fabulosas, gastas nas campanhas eleitorais de determinados partidos, (caso Motta-Engil, PSD) isto é o que chega ao conhecimento público.Vem agora "BEs competir com eles" caindo em graça, ao propôr, estas pérolas, é preciso que lhes arranquemos a máscara, pior que a direita, só esta falsa esquerda!

Anónimo disse...

E qual é a solução do PCP? Sair da UE? Criar sovietes para elaborar a constituição europeia?

Chalana disse...

Anónimo:

A classe operária, quando tomar o poder terá de fazê-lo através dos seus órgão de classe, através dos órgão de luta que na refrega entre as classes se transformaram em órgãos de poder. Porque, como os clássicos do pensamento socialista sempre disseram não basta à classe trabalhadora tomar de assalto o Estado burguês é necessário destruí-lo porque 1001 fios de ariadne o ligam à classe dominante, tornando-o numa ferramenta inútil nas suas mãos. O nosso amigo deve ser mais via eleitoral.

Quanto à União Europeia nem é preciso sair dela, verá no futuro como, se começarmos aqui em Portugal a mudar a sério, se fizermos por cá uma revolução; verá então a UE a sair de nós...

E continuamos a não perceber este fetiche que tem a esquerda BES com os "tratados constitucionais", se a EU sempre funcionou - e continua a funcionar sem eles... qual é a urgência?