A UDP, mais um dos fundadores da "esquerda moderna", nasceu em 1975. Foi um parto que durou mais de 10 anos e resultou da "unificação" de vários grupos "marxistas-leninistas" que na década anterior se tinham desorientado e dividido por orfandade. Com efeito, a coisa não foi por menos: Francisco Martins Rodrigues, fundador do Maoismo português, preso pela PIDE, delatou os seus próprios camaradas à polícia política!!!!
É "fodido", sabemos! Quem sabe o porte que cada um terá num "interrogatório" policial...? Mas o facto é que aqueles que sempre acusaram Álvaro Cunhal de traidor, tiveram como pai e fundador um efectivo e sobejamente conhecido traidor - coisa que o próprio Francisco Martins Rodriguês jamais pôde negar, apesar de ter andando a justificar a traição durante 40 anos com desculpas esfarrapadas e atenuantes de circunstância... "encontraram-me uns papéis no bolso" - é a nossa preferida.
A UDP foi aquela seita política que adquiriu "identidade de grupo", há mais de 30 anos, no pressuposto de que o Glorioso PCP não era um partido estalinista. Hoje criticam-nos por sermos estalinistas... Alguém percebe? Não? óptimo! Nós também não! Chamemos já o camarada Jara (psiquiatra de profissão) para tentar explicar este trauma freudiano!
A UDP, estalinista-maoista-albanesa, da linha dura e pura até ao fim, entretanto "modernizou-se"... Ajudou a fundar o BEs e hoje é liderada por Luís Fazenda, que se tornou deputado e diz coisas como:
"Ao longo dos últimos dois anos, Manuel Alegre mudou a face do debate à esquerda" ou "a revolucão cubana foi uma tragédia para a América Latina" - texto já não disponível na versão internet... DÁ QUE PENSAR?
12 comentários:
Aos nossos leitores e ao Coluna, as minhas desculpas: troquei os e-mails e acabei por escrver, inicialmente, o texto com a tua assinatura... Não que duvide, Coluna, que não assines por baixo, mas já agora não custa emendar a mão
Fernando:
a questão que nos colocou na ciaxa de comentários do post "4a 3" tem a sua pertinência! De tal modo que chegámos à conclusão que o melhor será fazer (em breve) um post em resposta à questão que colocou.
A questão é que logo à noite há jogo e já estamos em período de concentração para o desafio que é, em plena invernia, para poder cantar até à vitória, ter de tiritar com um frio siberiano... horários que os parasitas da Sport TV impõem ao futebol! O Capitalismo é uma merda, e temos de aquecer com uma ballantine's. Como perceberá, é uma dura preparação física
Chalana:
Mas o benfica só joga amanhã..
ahahahahah estes tótós da UDP também são só pa rir....!!! e o Major Tomé ??? grande fascista em Moçambique e militarão apareceu cá como grande revolucionário. Precisavam era de serem todos empalados !!!
Isto que vocês escrevem é mesmo verdade? É que é tão incrível que até a mim me custa a acreditar...
Já agora, fazendo as contas, 2 anos incluí também aquela campanha eleitoral do Alegre que o bloco apelidou de serôdia! Beijar estátuas em cemitérios foi a revolução à esquerda? Estes gajos viram mais que um catavento, o problema é que há muita gente distraída com os morangos com açucar
Manniche:
Eu com o teu nome também não teria hipótese de escolha clubística... Mas como sou o "Coluna" apenas por estas bandas tira as tuas conclusões! Desculpa lá, camarada, mas este ano o título é nosso!
Anónimo:
pela voz e "versão" do próprio Francisco Martins Rodrigues:
«Aquilo continuou até que no sétimo ou oitavo dia um inspector veu ter comigo: "Eh pá vamos acabar com esta merda". Sentárom-me numha cadeira e eu decifrei nomes que estavam escritos naquele papel»
disponível in http://www.primeiralinha.org/destaques4/entremartins.htm
É como disse o Chalana, ninguém pode dizer como irá reagir à tortura, mas o que sabemos é que o Grande Álvaro Cunhal suportou isso e muito mais e não vergou, portanto, se houve aqui alguém que traiu não fomos nós: têm sido eles ao longo de muitas décadas. Do princípio ao fim
Anónimo: de certa forma, o BEs são os morangos com açucar da política portuguesa, não é?
Nós conhecemo-nos, camarada? Ou só me estás a trocar as voltas? Tu és lagarto?
Eu curvo-me perante a memória de Francisco Martins Rodrigues, como me curvo perante a de Cunhal (apesar de ter discordado, em tempos diferentes, politicamente, de um e outro) e de tantos outros valorosos anti-fascistas, por ter dedicado uma parte da sua vida, de 1948 a 1974, na primeira linha de luta contra o fascismo, (esteve preso 12 vezes), tendo inclusive participado, juntamente com Cunhal, na célebre fuga do Forte de Peniche e chegado a membro da comissão executiva, entre 61 e 63, na clandestinidade e em Portugal. Convém lembrar em que condições Francisco Martins Rodrigues decifrou os nomes dos tal papel. E lembrar a estes "corajosos e valentes do sofá" que ousam criticar FMR por ter cedido perante a criminosa polícia política, em que condições isso aconteceu. Segue a descrição, desse momento, feita pelo própria (em galego mas que se percebe facilmente) em entrevista (a entrevista completa pode ser lida aqui) ao site de uma organização comunista galega.
"... Mas houvo um papel que levava em código que nom atirei sem dar-me conta e eles encontrárom na sede da PIDE. Aí o tratamento foi muito diferente ao que tinha tido até entom. Mal cheguei, dérom-me umha sova. Logo a seguir chega um inspector com ar muito sério: "Mas senhor que passa, está você ferido, tragam alguém para que seja tratado". E automaticamente, sem interrogatório nem nada, sou levado a um quarto dum andar superior onde aplicam o sono. Era a principal receita da PIDE: nom se pode dormir, nada. Se um gajo se senta leva porrada, se cai leva porrada. Eu nunca tinha tido esta experiência.
- Nesta altura já tinhas trinta e oito anos.
Sim. Passa o segundo dia, terceiro dia. Trazem de comer no quarto. Nom se sai de ali salvo para ir ao retrete. Quarto dia. Começo a ter desequilíbrios auditivos e visuais. Começas a ver cousas raras a andar polas paredes, polo chao. Às vezes venhem, fazem umha pergunta ou outra, mas nom insistem, o que eles querem é fazer render o esgotamento polo sono. Pode entrar um gajo aos berros, armado em maluco, "Filho da puta, bandido", dar umhas chapadas, depois vai embora. Ou fam umha roda e todos a dar porradas. Aquelas cousas... Quinto, sexto, sétimo. Eu tinha perdido a noçom de quem era, onde estava, da PIDE, de tudo. Um gajo está completamente a navegar. Começas a cair a cada passo. Dous pides agarravam em mim e andavam comigo para evitar que dormisse. A sala tinha umha janela. Eu via umhas visons extraordinárias, pensava que andava no campo. Caim com a cara contra a janela e figem umha ferida. Aquilo continuou até que no sétimo ou oitavo dia um inspector veu ter comigo: "Eh pá vamos acabar com esta merda". Sentárom-me numha cadeira e eu decifrei nomes que estavam escritos naquele papel. Um gajo começa a falar e recupera a consciência. Fôrom buscar umha cama. Dormim essa noite e no outro dia e na noite seguinte, mas nom saím lá do quarto. De manhá, sem me dizerem mais nada, começou outra série. Estivem outros sete dias. Como já estava muito cansado comecei a delirar mais cedo. No fim assinei autos, tenho a noçom de que assinei autos onde confirmava declaraçons que tinha feito. Depois no processo o meu auto já tinha umha data de folhas que eu nunca tinha visto. O advogado ainda protestou mas nom deu nada, claro. A partir de aí fiquei ainda lá dentro da sede da PIDE mais duas semanas. Eu estava muito escalabrado. Neste tempo, claro, nom havia visitas nengumhas. Vinha um tipo pôr pomadas e estas cousas. Quando já estava mais ou menos apresentável tivem umha visita com a minha mae. A minha companheira estava presa".
Respeitinho, por favor. Não vale tudo para atacar os nossos adversários políticos. E o PCP, não se esqueçam, através do Avante, chegou a denunciar publicamente a presença de um dissidente do partido, creio que Pulido Valente, quando este entrou em Portugal e era procurado intensamente pela Pide.
É espantoso que em lugar de se acusar a PIDE este blog opte por acusar os torturados. Mas que vergonha, que vergonha, como se o valor e o carácter de um ser humano se medisse pelo que ele faz ou deixa de fazer sob tortura.
E que ainda por cima que faz acusação de traição a um torturado se esconda atrás de um pseudónimo. Que tenham pelo menos a decência de quando fazem esses ataques colocar um nome que vos identifique publicamente.
Anónimo:
Que ironia o "anónimo" criticar os autores deste blog por escreverem com pseudónimos, quando o próprio "anónimo" se esconde atrás do anónimato. Porque não começa você por dar a cara? E que tal ler e digerir tudo e não apenas o que lhe convém?
a) Nós afirmámos não poder saber o porte que cada um terá/teria num interrogatório policial. Inclusivé o nosso próprio porte...
b) "É fodido!" Acreditamos não ser absolutamente nada fácil. Mas uns resistiram e outros não. Álvaro Cunhal e tantos outros militantes do partido, não cederam. Infelizmente para o próprio Francisco Martins Rodrigues e seus camaradas, ele traiu. FACTOS SÃO FACTOS. E porque os factos são factos, já depois do 25 de Abril, Francisco Martins Rodrigues foi proibido pelos seus próprios camaradas da UDP de aí poder desempenhar qualquer papel dirigente - coisa que você deve saber muito melhor do que nós, porque se calhar também lá esteve e também votou favoravelmente a sua "banição"
c) Quem "branqueia" a PIDE é mais a sua amiga a Irene Pimental.
d) Proponha ao Vaticano a canonização do Martins Rodrigues. Eles agora produzem santos em massa e pode ser que aprovem.
Fernando:
A edição do Avante! clandestino está disponível on-line, portanto começo por lhe recomedar que o leia.
Essa história da "denúncia" do Avante! é um mito que o Francisco Martins e os seus amigos criaram para justificarem a sua detenção como os amadores que foram.
É a típica desculpa dos esquerdistas "a culpa é do pc"...
Enviar um comentário