quarta-feira, 15 de junho de 2011

Estudo sociológico sobre acambada

Veio à tona, na semana passada, um estudo sociológico sobre acambada de Lisboa.


Como é do conhecimento dos camaradas que têm passado pelo Anti-troll, acambada, num esforço vão de mimetização, tentou artificialmente reproduzir em Lisboa formas de luta desenvolvidas pela juventude do estado espanhol. Mas o que aqui ao lado ganhou contornos de luta de massas, no Rossio apenas se contornou a verdadeira luta política que se travava: impedir, ou pelo menos limitar, nas urnas, a eleição dum governo do FMI.

Da "luta mais importante dos últimos 30 anos", apenas só restam fogachos: depois de levantarem estacas por estes "motivos logísticos", têm tentado manter de pé o espírito da luta com acções simbólicas como "vem deitar-te no Rossio" - mas já sem recurso a saco-cama. E se é verdade que agora não passam dum punhado, chegaram a ser, no alvor da luta uma boa mão-cheia... de... quê? Pois! É aqui que entra o referido estudo sociológico sobre acambada: após a análise política que fizemos à cambada, surge agora, pelo labor de um deles, a devida caracterização social...




Dum ponto de vista teórico, a radicalização de sectores da pequeno-burguesia, perante o avolumar da crise capitalista, deve ser saudado, pois já no Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels explicavam que: "o processo de dissolução no seio da classe dominante, no seio da velha sociedade toda, assume um carácter tão vivo, tão veemente, que uma pequena parte da classe dominante se desliga desta e se junta à classe revolucionária, à classe que traz nas mãos o futuro. Assim, tal como anteriormente uma parte da nobreza se passou para a burguesia, também agora uma parte da burguesia se passa para o proletariado"



Todavia, o que a experiência d' "acambada de Lisboa" coloca aos activistas comunistas, é apurar qual a classe social que deve e pode, efectivamente, liderar a luta anti-capitalista. A resposta, há muito que foi dada nas páginas do próprio Manifesto: De todas as classes que hoje em dia defrontam a burguesia só o proletariado é uma classe realmente revolucionária.


Claro que, pelo seu papel e consciência de classe no actual sistema de produção, os elementos pequeno-burgueses tendem a julgar-se como a "vanguarda" da luta... Já na obra Rumo à Vitória, escrita em 1964, o camarada Álvaro Cunhal alertava para a "tentativa, por parte da pequena e média burguesia, de ganhar a hegemonia e impedir o papel determinante do proletariado e do seu partido na revolução (...)".


A actualidade desta obra, bem como do Radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista (poderiamos somar o Esquerdismo, doença infantil do comunismo de Lénine), é absolutamente assombrosa face à paródida de "Democracia Popular" que os filhos radicalizados da pequena-burguesia lisboeta encenaram (e mal!) na praça do Rossio nos últimos tempos.


Veja-se este vídeo esclarecedor sobre a "Assembleia Popular" realizada a 11 de Junho e tirem-se as devidas conclusões sobre o radicalismo verbal, as ilusões demagógicas, as questíunculas bizantinas e o sectarismo estéril semeados pelos grupelhos esquerdistas do costume... Das muitas centenas apregoadas (e alguns jovens generosos chegaram a escutar os cantos destas sereias das lutas "inovadoras"...), chegaram ao típico grupo de café...




O momento alto desta "curta-metragem" acaba por ser protagonizado pela "nossa estoriadora de referência": na habitual lógica esquerdista do "tudo ou nada", é possível escutá-la, aos 6:50 minutos, aos gritos, vociferar que não subscreve apelos à taxação da banca e das grandes fortunas porque só aceita a expropriação tout court da banca e das grandes fortunas!!! Foi há tanto, tanto tempo atrás que Lénine escreveu Sobre os compromissos, que só apetece exclamar: como tudo isto é velho e gasto!

4 comentários:

Unknown disse...

Quando ouvi a tipa aos gritos (6:55), desliguei. Sim, aonde é que já ouvi isto?
Infelizmente, não é sentadinho no chão, a bater palminhas, a acenar com a cabeça, a mostrar um ar sério e interessado por questões assinadas num pequeno papel que se vence a guerra contra o capitalismo selvagem que está a chegar, pela mão de Passos Coelho e Portas.
Sim, muito haverá a fazer, em colectivo, de forma organizada, esclarecida, como tem sido feito pelo PCP, desde que começou.

Antonio Lains Galamba disse...

chalana, cada vez lhe dás com mais força!!! abraço

ZÉ MANEL disse...

Esta posta está "15 a 0" Chalana!
O estudo sociológico prova a consciência de classe (ou falta dela) por parte desta gente... E a meu ver a raiz do problema de toda a restante esquerda e desta Acampada mais concretamente é CONSCIÊNCIA DE CLASSE!

Estes gajos são bolseiros docentes, artistas ou estudantes na sua maioria e não entendem, não querem entender ou negam a sua natureza de classe de cariz intelectual ou até mesmo pequeno burguês. Com isto quero dizer que se realmente querem lutar contra a direita, se querem ter um papel activo na transformação da sociedade, que lutem iINDEPENDENTEMENTE DA SUA ORIGEM DE CLASSE, mas com consciência e AO LADO DO POVO E DOS TRABALHADORES!

Porque a luta não se faz á margem dos trabalhadores mas sim ao seu lado e com eles!

Toni disse...

esse teu comentário é que foi 15 a zezro!